A vivência da pandemia, com o isolamento, os medos e as perdas potencializou, de forma geral, o adoecimento mental da população. “Quem já lidava com algum tipo de patologia, leve ou moderada, viu seu quadro se intensificar. E muitas pessoas que não apresentavam nenhum sintoma antes da pandemia agora lidam com alguma sequela”, relata a psicóloga da Assemp Pakisa Araújo.
Um dos transtornos psíquicos relacionados a esse contexto é a agorafobia, que caracteriza-se pelo medo de ficar em situações ou locais que possam causar crises de pânico, descontrole ou vergonha. “A agorafobia advém de um quadro de ansiedade, mas está acima até mesmo do processo de pânico, por gerar limitações ainda mais severas. A ansiedade é a necessidade de que tudo dê certo. E o que temos vivido é o oposto disso: vulnerabilidade, incertezas, insegurança”, explica Pakisa.
Segundo a psicóloga, o tratamento e a cura passam, antes de tudo, por um processo de autoconsciência corporal e emocional. “O sintoma surge para nos alertar. E o preço de ser omisso quanto a esse alerta é a patologia. Por isso precisamos, sobretudo, do autocuidado e da busca por ajuda. A pandemia foi bastante cruel com a sociedade mais vulnerável em termos de saúde física, emocional e social. Daí a necessidade de fortalecermos corpo, alma, mente e coração", conclui.
De acordo com Pakisa, os efeitos nocivos da pandemia foram sentidos por todos. "Contudo, para os profissionais da saúde e educação que estavam na linha de frente, ou seja, no olho do furacão, a sensação de impotência e vulnerabilidade foi mais intensa e voraz".