Riquezas das Minas Gerais, seus minérios e tantas
outras maravilhas, que tão generosamente nos foram dadas pelo Criador, transformaram-se em sua perdição. Minas vê, gravíssima e rapidamente, seus rios,
lagos, afluentes, terras agricultáveis, comunidades e
suas culturas sendo dizimadas. São cometidos crimes
contra a vida humana, contra o meio ambiente e contra
o direito de viver em comunidade e em família.
Na Encíclica Laudato si, o Papa Francisco nos alerta para a necessidade da urgente compreensão de que
o Planeta agoniza e clama contra o mal que provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos
bens que Deus nele colocou.
O que foi legado ao homem para que prospere e tenha uma vida plena e a transmita às futuras gerações,
a ação irrefreavelmente gananciosa e criminosa das
mineradoras destrói em tão pouco tempo. Vemo-nos
diante da débil regulação deste setor pelo Legislativo,
eivado de pessoas financiadas por essas empresas e que
são autorizadas pelo Executivo, imiscuído em múltiplos
interesses nem sempre republicanos e precariamente
fiscalizadas pelos órgãos que existem para isso. Soma-
-se a isso um Judiciário leniente, ensimesmado, caríssimo, insensível, pretensioso e divorciado do povo brasileiro. Foi assim em Mariana, pela Vale/Samarco, até
hoje “na justiça”; é assim em Brumadinho, pela Vale.
Não podemos deixar que assim continue.
Não houve um acidente nessas Minas Gerais. Houve um crime ambiental e um homicídio coletivo.
Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Bispo auxiliar de Belo Horizonte
Texto editado